terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Usando o sistema de saúde de Portugal (Infelizmente)


Logo na primeira semana em que estávamos em Lisboa, comecei a me sentir fraco e com um pouco de falta de ar. Andávamos um pouco e logo estava cansado, sem força. Achamos que poderia ter algo a ver com a mudança de clima, comida, fuso horário, qualquer coisa tola e não demos bola.
Um dia, chegando ao trabalho, passei mal e quase desmaiei. Mas logo em seguida eu já estava bem. "Queda de pressão", todos disseram. Novamente não dei bola e não fui a um médico. Uma semana após este episódio, cheguei do trabalho branco, a mão gelada. Tinha quase desmaiado novamente, mas desta vez foi mais forte. Fomos na farmácia, ver se eles recomendavam algo, falamos os sintomas e a atendente disse que podia ser milhares de coisas, que o recomendado era ir ao médico.
Voltamos para casa e ligamos no nosso seguro saúde para saber o procedimento. Eles disseram que deveríamos ir a um médico qualquer, que depois eles reembolsariam e que se precisássemos exames e coisas do tipo, deveríamos ligar novamente que eles recomendariam um local.  Fomos no hospital mais perto da casa que estávamos hospedados, o Hospital São José. Chegando lá, apenas entregamos o passaporte, falamos os sintomas e já me deram uma pulseira "VIP" amarela, pois lá funcionava de acordo com o grau de urgência. 


Vimos várias pessoas com pulseira verde reclamando que estavam ali a algumas horas esperando atendimento. Já ficamos receosos, pois vimos que passaríamos a noite ali na sala de espera. Para nossa surpresa em 10-15 minutos fui chamado para atendimento. O médico fez algumas perguntas, examinou, coletou sangue e em seguida voltou dizendo que eu ficaria internado, porque pelos sintomas e pelos exames, possivelmente se tratava de uma úlcera. Eles fariam uma endoscopia já na manhã seguinte para confirmar. Nos exames, também verificaram que eu estava com o nível de hemoglobina muito baixo, possivelmente devido a uma hemorragia interna e uma transfusão de sangue foi programada para a madrugada. Passei a noite no hospital, mas mal consegui dormir, aquele entra e sai e conversa de médicos e enfermeiros, pacientes chegando e saindo, outros gritando... Foi uma longa noite!
Na manhã seguinte a Carol chegou, conversamos um pouco e em seguida me levaram para fazer a endoscopia. O exame foi horrível, foi a pior sensação da minha vida, parecia que ia morrer sem ar. Foram aproximadamente 30 segundos que pareceram uma eternidade. Sai de lá na maca, cansado, ofegante, com falta de ar e voltei para a urgência onde permaneci por mais 1 noite até verificarem os resultados e me encaminharem para um quarto. Fiquei internado na ala de urologia, pois não haviam vagas na parte de clínica geral.

Veio o resultado confirmando a suspeita, fui diagnosticado com úlcera, 2, pequenas, mas que requeriam cuidados imediatos. O médico passou umas 2x em 3 dias. Eu não podia ingerir nada além de água e chá. Fiquei 4 dias sem comer nada, apenas soro na veia, sem notícias do meu estado, de previsão de alta ou qualquer coisa do tipo. Comecei a reclamar bastante para os enfermeiros, pois pela fala inicial do médico, eu tomaria os remédios, depois liberariam alimentação líquida, então comida normal e assim eu poderia ter alta. Mas até então nada disso tinha acontecido.


Após reclamar muito, conseguiram uma vaga e me transferiram para o Hospital dos Capuchos, na ala de clínica geral. O médico passou na manhã seguinte e me liberou dieta sólida. No dia seguinte tomei café da manhã, almocei e jantei. Comida de verdade! Já estava me sentido bem melhor e no dia seguinte, quando completei uma semana no hospital, tive alta.

O tempo todo que fiquei internado, decidi não contar nada para ninguém, nem familiares e tampouco amigos. Eu estava longe, praticamente incomunicável, mas sendo bem tratado e sabendo que naquele momento já não era nada muito grave. Por que gerar preocupação para eles do outro lado do oceano? Não havia nada que eles pudessem fazer, minha situação estava sob controle. Se fosse algo muito grave ou eu precisasse de alguma coisa, certamente não exitaria em contar tudo. No entanto, não era o caso e por isto preferi não incomodar ninguém e falar do ocorrido somente depois de receber alta.
Com a papelada da alta médica em mãos era hora de ir embora, mas não antes de passar na administração do hospital e descobrir o tamanho do estrago financeiro. Mesmo sabendo que nosso seguro cobriria, estávamos ansiosos para saber. Para nossa grata surpresa, Portugal e Brasil possuem um acordo na área de saúde pública que libera brasileiros para serem tratados em hospitais portugueses e vice-versa. No final, não houve custo nenhum e não precisamos acionar nosso seguro saúde.

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{{English Version}}

Using the health system in Portugal (Unfortunately)

In the very first week we were in Lisbon, I began to feel weak and a little shortness of breath. I walked a bit and was soon tired, no strength. We thought it might have something to do with climate change, food, time zone, anything foolish and did not give ball.
One day, coming to work, I got sick and almost fainted. But then I was fine. "Pressure Drop", they all said. Again I didn't give ball and didn't go to a doctor. A week after this episode, I was very white, cold hand. I had almost passed out again, but this time it was stronger. so we went in the pharmacy, see if they recommend something, we talk about the symptoms and the clerk said that could be a thousand things, that best thing to do was to see a doctor.
We went home and called to our health insurance to know the procedure. They said we should go to a any doctor and if we needed exams and stuff, we should call back that they would recommend a location. We were closer to the hospital called São José. So there we go. Once there, I just showed my passport, spoke about my symptoms and they gave me a VIP yellow bracelet, the collors are accordding to the degree of urgency.
We saw several people with green bracelet complaining that there were a few hours waiting to see the doctor. We started to be afraid because we saw that we would spend the night there in the waiting room. To our surprise in 10-15 minutes I was called by the doctor. He asked me a few questions, examined me, collected blood and then came back saying that I would be admitted because the symptoms and the tests, possibly it was an ulcer.
I would have an endoscopy the next morning to confirm. The tests also found that I had very low hemoglobin level, possibly due to internal bleeding and a blood transfusion was scheduled. I spent the night in the hospital but I could hardly sleep that comes and goes and talks between doctors and nurses, patients coming and going, others screaming ... It was a long night!
The next morning Carol arrived, we chatted a bit and then they took me to do the endoscopy. It was horrible, the worst feeling of my life, seemed about to die without air. It was about 30 seconds that seemed like an eternity. When finished i was tired, panting, gasping for air and went back to emergency where I stayed for one night till they checked the results and got me a room. I stayed in urology room because there were no vacancies at the general one.
The results confirmed the suspicion, I was diagnosed with ulcer, 2 small ones but requiring immediate care. The doctor came only twice over 3 days. I couldn't eat anything except water and tea. I stayed four days without eating anything, just serum in the vein, no news of my case. I started to complain enough to nurses because the doctor's initial speech was that I would take the medicine, then would release liquid feed, then normal food so I could go home. But so far none of this had happened.
After complain too much, they transferred me to the Capucho's Hospital, to the general room. The doctor came the next morning and released me solid diet. The next day I had breakfast, lunched and dinner. Finally some food! I already felt much better and the next day, when I turned a week in the hospital, they let me go home.
All the time I was hospitalized, I decided not to say anything to anyone, not family nor friends. I was away, virtually incommunicado, but being treated well and knowing that at that time was no longer anything too serious. Why concern them across the ocean? There were nothing they could do, my situation was under control. If it was something very serious or I needed anything, certainly would tell all. However, it was not the case and therefore preferred not to bother anyone and talk about the incident only after discharge.
With the medical paperwork in hand it was time to leave, but not before going on hospital administration and find out the financial damage. Even though our insurance cover, we were eager to kwon. To our surprise, Portugal and Brazil have an agreement in the public health area that releases Brazilians to be treated in Portuguese hospitals and vice versa. In the end, there was no cost and we don't call our health insurance.

Um comentário:

  1. Feliz em saber que estás bem amigo... Saúde e continue nos brindando com fotos e informações do velho mundo... Abraço - Valdevair

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