Depois de 3 meses no frio europeu, finalmente voltamos para a Ásia e nossa parada inicial foi o Vietnã. A escolha foi basicamente por 2 motivos: passagem mais em conta e a questão do visto.
Desembarcamos no aeroporto de Ho Chi Minh City às 10:30h da manhã. Optamos por pegar o ônibus até o centro da cidade, a linha 152, pois já tínhamos lido que a rota deixaria próximo de onde ficaríamos hospedados. Estava fazendo mais de 30 graus, mas o ônibus apesar de velho, tinha ar condicionado. \o/ \o/ \o/
Caso queira economizar alguns dongs, o ônibus pode ser uma ótima opção. Custa 5.000 por pessoa, mais 5.000 pelas malas. Já o táxi sai na faixa de 200.000.
Depois de mais de 15 horas de viagem, mais a diferença no fuso, quando chegamos no hostel, queríamos apenas tomar um banho, cair na cama e descansar. A noite, já recuperados, saímos para jantar e aproveitar um pouco das festividades que estavam acontecendo em comemoração ao Ano Novo Vietnamita (Tet). 2016 é o ano do macaco e eles estavam espalhados aos montes pela cidade.
Achamos Ho Chi Minh bem "ocidental" para os padrões asiáticos. Vários cafés, franquias de lanchonetes e restaurantes gringos por todo lado. A cidade é moderna e apesar de ter uma boa infraestrutura, o trânsito é caótico e extremamente irritante. São milhões de motinhos buzinando o tempo inteiro mesmo que não tenha motivo nenhum para isto, literalmente. A população da cidade é algo na casa dos 12 milhões de pessoas. A frota de motinhos fica por volta de 7 milhões!!! Atravessar a rua é uma tarefa árdua, pois elas aparecem de todos os lados.
Antigamente Ho Chi Minh City era chamada de Saigon. A mudança de nome se deu após a tomada dos comunistas no Vietnã do Sul em 1975. O governo adotou Ho Chi Minh em homenagem ao falecido líder norte-vietnamita. Mesmo depois de tanto tempo ter passado, muitas pessoas seguem chamando a cidade de Saigon (inclusive vietnamitas).
Apesar do calor que fazia, Ho Chi Minh é uma boa cidade para caminhadas. São vários parques enormes e todos muito floridos, geralmente com muitas flores vermelhas e amarelas em alusão às cores da bandeira nacional. Há um calçadão largo que se inicia na praça em frente Ho Chi Minh City Hall e vai até a beira do rio, nas ruas ao lado do calçadão se encontram diversos restaurantes e lojas do comércio local. No final da tarde e à noite, é aqui onde os artistas de rua da cidade se apresentam. A orla do rio é um longo e agradável passeio. Toda pavimentada, é possível caminhar por quilômetros e quando o cansaço bater, refugiar-se em um dos bancos à sombra de alguma árvore na beira do rio.
Museu da Guerra
Este museu é uma ótima oportunidade para ver o outro lado da Guerra do Vietnã, não a versão americana que estamos acostumados, mas a versão do governo local. Claro que em meio às informações há muita propaganda contra os EUA, no entanto isto não atrapalha e o museu consegue ser bem instrutivo. Há uma seção somente sobre as vítimas civis da guerra, esta foi a parte mais difícil de se visitar, é preciso ter estômago forte e se conter para não se emocionar. As atrocidades ali registradas são inimagináveis por uma pessoa comum, saímos dali um tanto abalados e horrorizados com o poder nefasto das armas químicas usadas pelos EUA.
Monumento Thích Quảng Đức
Na década de 60 a imagem de um monge que ateou fogo ao próprio corpo correu o mundo. Esta é considerada uma das fotografias mais fortes de todos os tempos. A história por trás da foto foi uma forma de protesto contra o governo que perseguia duramente os monges budistas no país.
Em homenagem ao monge, foi construído um monumento que o representa. A estátua por si só já é bonita o bastante para valer uma visita e se você conhece a história, fica ainda mais interessante.
Cu Chi Túnel
Optamos por pegar um tour para visitar os tão comentados túneis vietnamitas usados na guerra contra os EUA. O transporte mais a entrada nos túneis custaram aproximadamente 10 dólares. Para chegar até lá são cerca de 80km, mas as estradas não são muito boas e acabamos levando 2h.
No caminho nosso guia (que para nosso alívio tinha um inglês muito bom e era bem divertido. John Wayne era seu nome "ocidental") foi explicando sobre a história da Guerra do Vietnã e sobre alguns costumes vietnamitas como por exemplo, ele não pagam imposto de renda e não existe aposentadoria, devido a isso, facilmente você encontrará idosos com seus 90 e poucos anos ainda na lida. Outro costume que ele citou, os filhos dificilmente saem da casa dos pais, mesmo depois que se casam, geralmente moram todos na mesma casa ou pelo menos no mesmo terreno. Para eles é inaceitável a ideia de asilos. Os mais velhos devem fazer parte do dia a dia e passar os conhecimento para as próximas gerações, eles são o centro da família. O nosso guia foi falando sobre a vida no Vietnã durante a viagem toda e mal percebemos as horas passarem. Quando nos demos conta, estávamos na entrada do parque.
O início da construção dos túneis é datada da década de 40, durante a guerra contra a França. Os mais de 120km de túneis ficavam localizados embaixo de uma densa floresta, fazendo com que poucas pessoas soubessem as rotas de entrada ou saída, tornam-se estratégico para os vietnamitas. Posteriormente também foi utilizado na guerra contra os USA. Muitos soldados americanos morreram em busca destes túneis, o que acabou resultando em uma massiva operação dos USA, onde eles usaram armas químicas (Agente Laranja) para devastar as florestas. Mesmo com fim da guerra os agentes químicos permaneceram nos solos e rios vietnamita por longos anos. Muitas pessoas foram contaminadas e morreram ou acabaram ficaram com grandes sequelas. Infelizmente, ainda hoje é possível encontrar casos de crianças que nascem com má-formação devido aos resquícios de Agente Laranja usado na guerra.
Bom, voltando à nossa visita, entramos no parque e nosso guia foi mostrando um pouco de como era a rotina na época da guerra, como eram preparadas as armas e as armadilhas. Tudo muito manual e precário, mas que funcionava perfeitamente. Vimos algumas carcaças de tanques, mas eram todos dos inimigos, pois o Vietnã não tinha tal estrutura bélica na época. Passamos pelo campo de tiros, onde é possível experimentar a sensação de usar uma arma de guerra. Você compra as balas (o preço depende da arma escolhida, mas gira em torno de 15 dólares um pack com 10) e vai para a área de tiro. Foi divertido e ao mesmo tempo aterrorizante.
Ainda sob a adrenalina dos tiros, saímos para caminhar por alguns metros dentro do túnel e o que podemos dizer é que a experiência não é das mais agradáveis. Poucos metros do túnel são liberados para visitação. Depois da entrada principal, a cada 10m existe uma saída, acabamos saindo na 4a, totalmente exaustos. Tínhamos que caminhar meio agachados, com a iluminação precária e a ventilação pior ainda. Úmido, quente, abafado e apertado seriam as palavras para descrevê-lo. Não conseguimos imaginar como os soldados viviam lá dentro por dias.
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